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A MÁSCARA DO PSICOTERAPEUTA: MANIFESTO PSICOTERAPÊUTICO 2

  • Guillermos Borja
  • 28 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Ouvi falar de Guillermos Borja, psicoterapeuta e xamã urbano, pela primeira vez, nos anos em que vivi no México, de 1983 a 1985. Estivemos juntos, poucas vezes, em contextos sociais, pois era amigo de muitos amigos. Interessa-me divulgar seu pensamento e pouco a pouco nesse blog, vou colocar as frases que considero as mais importantes de seu livro A Loucura Cura (La Locura lo Cura), que é verdadeiramente um Manifesto Psicoterapêutico, pois coloca o dedo na ferida narcísica do psicoterapeuta. Deveria fazer parte do programa de qualquer curso que pretenda formar terapeutas de uma maneira geral.


“Eu tenho visto, em dezoito anos de experiência, que ao consultório chegam dois egos em cima de um trono, um que quer ser gratificado e o outro, gratificar, e, nos escassos minutos que dura a consulta, não se resolve nada, só se fortalecem os egos.”

“Assim como os pacientes se identificam com um certo tipo de tratamento, de acordo com a sua patologia, os terapeutas se identificam com certas escolas ou com técnicas determinadas, porque são mais adequadas às suas possibilidades egóicas e nelas se sentem mais aptos e fortes. A esta predisposição colabora, não só sua parte sã, mas também aquela com um conteúdo patológico.”


“O que deve fazer o terapeuta é mostrar o mesmo que mostraram os grandes homens: entrega e disposição ao risco.”


“A verdadeira preparação é o caminho e o caminho é a própria vida. Não se pode estudar para ser uma pessoa. Não se estuda para deixar de ter conflitos e sofrimentos. È necessário um grande trabalho pessoal. Pois o central de um terapeuta é que tenha presença e que seja congruente, que não resulte em fraude. Estando presente reconhece o caminho que o outro vai começar como um guerreiro da vida. O terapeuta é como um velho que já percorreu o caminho e isso é uma atitude que não se pode transmitir em palavras. A presença mesmo, são as rugas que tem, as feridas cujas cicatrizes são visíveis para o paciente. A presença da confiança e da possibilidade de continuar, de saber que tudo está bem. Por que ao entrar em uma psicoterapia profunda, a única cura que se pode brindar é que se reconheça o sofrimento de si mesmo, a dor em si mesmo e os tenha transcendido. Então, está bem dominar uma técnica, está bem haver realizado uma aprendizagem intelectual e formativa: mas um bom terapeuta deve soltar os instrumentos, deve arriscar-se a soltar a técnica e apoiar-se em si mesmo. A técnica não cura, quem cura é a pessoa. Aqui há uma desvalorização: os terapeutas pensam que não podem curar por si mesmos. E isso é uma grande mentira. Ninguém cura pela técnica que maneja. A graça é ele mesmo. A benção é ele mesmo. O curador é ele mesmo. A graça dos grandes terapeutas foi eles serem eles mesmos. Essa foi sua luta e com isso, curaram. Esse é o ensinamento e a mensagem: ser nós mesmos e não ninguém. Aí está a cura. Por que, definitivamente, se ele não se reconhece como uma benção da vida, como uma graça, não existe auto reconhecimento, e isso repercutirá no paciente. Eu creio que, somente cura o que se atreve a reconhecer isso. Não há técnica para isso, só atitude. E só podem ter atitude, as pessoas, os homens completos, as mulheres completas. O que se reconhece a si mesmo, pode se reconhecer aos demais.“


“Ninguém pode dar o passo por ninguém. Cada um deve andar seu caminho em seu próprio passo. O único que sabe aonde está é o paciente, o único que pode reconhecer-se é o paciente. Temos que escutá-lo, mas escutando-nos. Não há que ver suas impossibilidades senão nossa incapacidade de aceitá-las, devido nossa ansiedade, pretensão e impulsividade. Queremos que o paciente saia de onde ele não quer sair. Nossa incapacidade de ver isso e de aceitar isso é parte da nossa enfermidade, não da sua. Dar liberdade. Esperar que a última palavra seja a dele e não a nossa. Que seus medos sejam seus medos e sejam suas, as suas fantasias. Que a resolução de seus conflitos lhe pertence. Tudo isso só se pode conseguir através da permissividade, do respeito ao seu silêncio, do seu aborrecimento, seu egoísmo, seu narcisismo, sua invalidez, seu desprezo, sua vaidade. Apenas se acolhermos isto, recebendo e observando sem julgar, estaremos falando de um tratamento profundo. Nossas pretensões não são mais que impotência, sinais de um ego muito demandante. A segurança se manifesta na confiança. É, pois, muito importante curar não como um ato de soberba, senão porque reconheço meu caminho, minha meta, meu sofrimento e, reconheço a forma de não haver ainda alcançado o final. O trabalho do terapeuta requer de muita humildade. A luta se dá até a morte.”

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