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MANIFESTO PSICOTERAPÊUTICO 1- La Locura lo Cura, de Guillermo Borja

Ouvi falar de Guillermos Borja, psicoterapeuta e xamã urbano, pela primeira vez, nos anos em que vivi no México, de 1983 a 1985. Estivemos juntos, poucas vezes, em contextos sociais, pois era amigo de muitos amigos. Interessa-me divulgar seu pensamento e pouco a pouco nesse blog, vou colocar as frases que considero as mais importantes de seu livro A Loucura Cura (La Locura lo Cura), que é verdadeiramente um Manifesto Psicoterapeutico. Considero que deveria fazer parte do programa de qualquer curso que pretenda formar psicoterapeutas.



A LOUCURA DO PSICOTERAPEUTA

“É importante que um terapeuta tenha claro porque quer sê-lo. Em geral nos baseamos em motivações vocacionais, sem pensar que, ao nosso trabalho, dedicaremos um terço de nossa vida, e que é ali que vai se desenrolar nossa personalidade.”


“Se decido ser terapeuta, ainda que eu tenha a intenção de ser o portador da saúde, tenho nas mãos a estátua da enfermidade. Somente a enfermidade pode levar a curar, as demais, são desculpas ou intelectualizações. Alguém só pode ajudar, quando se reconhece enfermo.”


“Os terapeutas devem começar reconhecendo sua enfermidade. A mim, o que me levou a ser terapeuta, foi minha enfermidade. Ajudar aos demais, para roubar-lhes um pouquinho de saúde. Uma atitude de vampiro, de viver a enfermidade do outro.”


“Os terapeutas passam sua vida negando sua pessoa e querendo ser terapeutas. Para mim, terapeuta é igual a pessoa.”


“Os terapeutas necessitam, primeiro, serem pacientes. Devem, no sentido ético do dever, saber o que vai ocorrer a seus pacientes, de outra forma, nenhum confiará neles. Não haverá possibilidade de confiança, porque ele não pode fazer crer aos demais, o que ele mesmo não crê.”


“A avaliação de um tratamento é a capacidade que tem adquirido o terapeuta em seu trabalho de introspecção e em sua transparência como pessoa.”


“O que mais atemoriza o ser humano, é cair numa crise, porque põe de manifesto, tudo o que não está resolvido: a dependência, a necessidade, a carência..Não se pode resolver nada profundo, se não for através de uma crise, pois ela mesma possui os elementos da cura. Os processos terapêuticos devem buscar os momentos de crise, provocá-los, não suavizá-los. A crise do paciente é uma estratégica heróica. O ego vem de tal maneira disfarçado, que parece que sofre, que pede ajuda, mas sua única intenção é fortalecer-se e seguir no trono. O ego tenta a saúde passando primeiro, por um salão de beleza! Entretanto, o processo da cura, passa por converter-se em um enfermo mais enfermo.”


“A diferença entre terapeuta e paciente, é que o primeiro reconhece a sua enfermidade, seguirá estando enfermo e não colocará oposição a este contínuo caminhar, enquanto o segundo se nega, quer ficar livre da enfermidade e sua fantasia é realizar o tratamento para não ser mais um enfermo. A luta do terapeuta é ensinar-lhe que as coisas se sucedem e que ter atitude ante a vida, é transcender o sofrimento, transcender a enfermidade, que isso não vai acabar até o dia de morrer. No lugar de resolver, trata-se de fortalecer a atitude ante a vida: existem coisas que não podemos mudar, mas podemos mudar a atitude para com elas. Isto é aceitação, e só com a aceitação se terminarão os porquês. Aí, é onde está o caminho do terapeuta. Seu verdadeiro trabalho não é alcançar uma meta, senão estar no caminho, não importa aonde se esteja, mas como se está. O como, é o que se ensina ao paciente.”


“Alguns terapeutas não possuem a coragem de duvidar de si mesmos e de perder o controle: dois estados que, como mínimo, devem ser vivenciados, pois são centros do conhecimento profundo que todo ser humano possui.


"Pressinto que os terapeutas pensem que fazer uma psicoterapia profunda é colocar em evidência, ante si e seus pacientes, sua problemática não resolvida. Ante tal ameaça, optam por manter-se nas margens da enfermidade por receio de ser etiquetado com suas próprias etiquetas. Que o portador da saúde seja o mais enfermo: duro golpe para o narcisismo. Não é nada são necessitar dos necessitados e pior ainda, não reconhecê-lo.”


“A busca de si não tem como meta uma pretendida “saúde”, senão transformar o próprio caminho em meta.”


“Percebo um erro nos terapeutas: crer que somos portadores da verdade e da saúde. O qual é negar que temos algo daquilo que o paciente nos traz.”





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