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MÁQUINA VITAL DE GUERRA OU O COMBATE À TIRANIA


Por que o trágico é alegre? [Por nenhum direito a menos ou por nenhuma tutela a mais?]

(Antes de você ler ao contundente e atualíssimo texto de Luiz Fuganti, aí vai um convite seu. Imperdível!

"Nesta segunda-feira, 17 de junho, de 19h30 até 22h00 você é meu convidado para uma aula aberta do grupo de estudos da obra Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche. Falaremos sobre o que esconde o ideal do amor ao próximo, e o que seria um modo ativo de amar - tema tão necessário e urgente nos dias atuais, onde os modos passionais reivindicativos de existir dominam as sociedades globalizadas. Para receber seu acesso à aula clique no link abaixo. https://app.getresponse.com/click.html?x=a62b&lc=BL9Pri&mc=0o&s=uayWHi&u=hL3dY&y=g&z=E9p5VoO&)

Assistimos HOJE a uma epidemia de vitimismo! É chegado o tempo em que vestir a máscara de vítima tornou-se a esperteza e o poder maior não só dos seres tristes, mas de vilãs e vilões que engordam seus poderes covardes com a multiplicação das paixões tristes! Sanguessugas e tarântulas travestidas de frágeis borboletas se chocam contra a luz das naturezas dadivosas! Cultivamos por longo tempo o hábito de transferir a responsabilidade do mal que nos acontece e do mau uso do que nos acontece de mal, nos fazendo de humilhados, ofendidos, abusados! Não temos cultivado menos, por outro lado, um mau uso do que consideramos que nos acontece de bom! Cultivamos agora o mau gosto de nos empoderar e autorizar para melhor enquadrar as forças supostamente nocivas que certamente provocam o que em nós insiste em permanecer passivo e ameaçam o conforto das belas almas! Nós humanos, demasiado humanos, nos especializamos em anestesiar nossas dores imaginando sempre um Outro como sua causa! Assim como a fazer um uso reativo dos prazeres para conseguir melhor embalar nosso sono! Arquitetamos causas imaginárias tanto do mal quanto do bem que nos acontece, construímos a Imagem de um Outro com a matéria dos fantasmas nascidos da confusão entre o que poderíamos de direito e o que nos tornamos de fato. Projetamos uma fuga das camadas empilhadas na prisão do que nos tornamos. Inflacionamos o desejo cativo, em meio aos charcos e atoleiros afetivos, de movimentos idealizados de libertação de um inimigo imaginário. Assim criamos tanto ídolos quanto monstros, e em vez de aprender a compor modos criativos de si com modos criadores do outro, colamos nossos desejos ao outro que amamos por vontade de poder, nos apropriando dele pelo que chamamos de amor. Mas se o malogro advir - e como não adviria? - não nos contentamos em nos afastar, queremos destruí-lo. Sobretudo quando nos sentimos usados, enganados, sabotados, não atendidos naquilo que dele esperávamos como barganha do que entregamos, o conjunto de obrigações e direitos das concessões de um desejo submisso e por isso mesmo mais opressor do outro, do que o outro que acusa. Uma economia política da fraqueza, a moeda de troca dessa migalha que chamamos amor. Quem em nós quer não colar-se, mas compor-se com os modos de vida mais ousados e experimentadores de novas maneiras de existir, não para poder melhor sugar, parasitar a vida dos mais inventivos, mas para tornar-se co-criador com os criadores? E libertar-se com os libertadores? Mas na contra-mão das vidas que ousam criar outras maneiras mais alegres e potentes de existir, vemos disseminar uma nova raça de impotentes e malogrados, a raça dos passivos que querem ter direito sobre os ativos, dos odiosos sobre os amantes, dos lamentáveis sobre os admiráveis, dos que precisam pisar nos outros para crescer sobre os que crescem por generosidade e entrega de vida. Esses seres enfim tornados fracos por capturas de uma mega-máquina social que deles faz suas peças desejantes e cooptadas, reprodutoras, tornam-se também, além de convertidos, cooptadores exemplares, instrumentos de capturas, jogando toda sua reatividade para ressoar em teias sociais num maquinismo dos poderes tristes que jogam a vida reativa contra a vida dos que não perdem a potência de criar! A mega-máquina social não reproduz seu poder sem rebaixar e separar as vidas humanas de suas potências e, ao mesmo tempo, converter suas cumplicidades passivas em adesão empoderadora. Retribui e recompensa, desse modo, o atraso orquestrado das vida esmagadas e niveladas por baixo. O preposto de poder em nós precisa vencer a qualquer custo! Seu empreendedorismo? Capturar gestos, palavras, emoções, sensações, memórias, imagens, movimentos, pensamentos vampirizando e enquadrando as zonas de autonomia intensiva da vida e seus modos criadores de condições afirmativas de existência. Sequestradores da inocência! O malogro daqueles que se enfraquecem com o próprio mau jeito de levar a existência e não suportam olhar para suas cumplicidades, tornou-se a principal fonte para alavancar os negócios daqueles que fazem da EMPRESA DA ACUSAÇÃO, que empodera impotentes, seu meio de enriquecimento legal! O algoz conquistou seu maior disfarce, uma aura de ser civilizado, ou seja, como vítima sem outro poder que o da tutela da Lei. A lei como negócio! E não, é claro, sem disseminar o culto às paixões tristes e espumar seu ódio justiceiro! Como não transferiria à outros responsabilidades que não dá conta? Como não disfarçaria sua cumplicidade apontando o dedo para acusar um outro por seu fracasso? Um outro que não atende à seus mimos passionais? Como poderia gozar sem sacrificar os seres mais intensos cujo pluralismo inventivo inveja, sugando-lhes o sangue e extraindo vantagens do potencial criativo que não tem? Como não manipular fatos, chantagear e difamar quando seus objetivos são frustrados? Transferir e atribuir responsabilidades pelo mau que nos acontece, pelos descuidos e abandonos de nós mesmos, imputando a um Outro (sempre imaginário) nossos fracassos tornou-se CULTURA e DIREITO em nossa época. Sejam ricos que não passam de escravos endinheirados ou pobres que desejam ser senhores virando a mesa, todos tem em comum o culto do Ser-Humano-Médio-Civilizado-Normal-Normativo, mas que é sempre o CULTO DE UM TIPO HUMANO, o da Forma-Humana-medíocre, da baixeza dos seres de bom senso ou boa opinião, do nivelamento raso do senso comum, produtor de consenso, de unanimidade de uma MAIORIA assassina das diferenças, mesmo e sobretudo muitas vezes constituindo-se e percebendo-se como uma MINORIA que quer tomar o mesmo lugar da MAIORIA! A igualdade se constitui pela cumplicidade entre impotência e empoderamento, malogro irrevogável! Todo o projeto de um ser-humano-médio, adulto, racional, moral, qualquer: simulacro de civilidade, de cidadania, da superioridade civil humana sobre a animalidade, construída sobre circuitos capturadores de afetos, de corpos e de mentes, e reincidentes no culto sútil ao ódio mascarado de amor ao próximo, ao fraco e de compaixão à vítima, cultivando a paz forçada do algoz, deixando em segurança o covarde que pratica a violência velada, e em liberdade a hipocrisia e a tolice. Não é a igualdade na FORMA do SER, entre o SER-Homem, SER-Mulher, SER-Branco, SER-Negro, SER-Amarelo, SER-Homo, SER-LGBTQ....etc que devemos, reivindicar, mas combater pelas conquistas dos DEVIRES-minoritários de todas as forças humanas e inumanas que nos atravessam e nos tornam efetivamente livres de todas as tutelas! Ignorância do acontecimento e prepotência da convicção. Eis as duas faces da mesma epidemia que assola as vidas separadas do que podem, isto é, impedidas de se preencherem com afetos ativos e alegres. Vidas duplamente capturadas e cooptadas: uma hipo-suficiência generalizada as assola: indigência mental, corporal e desejante. Mas por que então o trágico é alegre? Porque os deuses estão rindo! Por quê e de quê riem afinal os deuses? O riso dos deuses vem do sentido alegre da dor! Se você não cria é criado. As forças de fora te obrigam e te engravidam pela dor, parindo a distância e diferenciando o que pode criar na vida e o que ela se torna ao criar ou ser criada na experiência vivida, diferença que descola e que, se afirmada, pode fazê-la decolar! Porque isso que nos acontece de triste e de trágico é um cutucão do destino! É uma provocação, é uma intervenção libertária do mal! É um modo de perceber o quão tolo é teimar em conservar o que não pode parar de variar, de fixar-se em algum estado afetivo ou de coisas que te acomoda, entidade, postura devota ou idólatra a um impagável credor! Conquistemos o Humor dos deuses! Tornemo-nos capazes de rir do mau, e até dos piores encontros! Elevemos ao máximo a potência de afirmar a vida! Não precisamos colher as compensações da covardia que calcula e negocia os efeitos de atitudes e comportamentos que nos salvariam da infâmia!

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